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Luanda 2004

... Sinto neste momento a paragem neste tempo de um tempo que já foi... e quase que sinto isso intenso como um abismo, que nos modificou para sempre no caminho abrupto de um sentir genial, completo, mais intenso, protector...

Orgulho-me... quando me define esta contenção de Luanda. Sinto-me a explodir dentro de mim mesma... e doí tanto... e é tão Bom!

Márcia Mota

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(8 de Agosto de 2004)

Sexta-Feira à noite fomos “visitar” os meninos de rua.

Meninos a partir dos sete anos… frágeis, desprotegidos, completamente perdidos… com fome, com frio, drogados…

Não podes aquecê-los a todos, mas já não consegues ter o casaco vestido. Dás a um pequenito que, pelo menos esta noite, vai estar mais quente. Talvez amanhã venda o casaco para comprar gasolina… mas agora está quente. Sorri, abraça-te, chama-te mãe… Um outro pequeno corpo aproxima-se… treme de frio e tem os olhos vidrados pela gasolina… Já não tens casaco para ele… abraça-lo… ele deixa cair a cabeça no teu corpo e fica ali… quieto… Enquanto o abraças, olhas o céu e tentas rezar, tentas acreditar que está ali Alguém, que Deus existe… Dói-te demais! O coração aperta-se… uma lágrima cai, e outra, e outra… entregas-te a essa desolação que parece não ter fim… mas tem! Porque mais um olhar triste se aproxima. Limpas as lágrimas, sorris, perguntas o nome, abraça-lo também…

(…)

Vens embora como quem acorda de um pesadelo, mas sabes que aquilo é real!

 

                (27 de Agosto de 2004)

Os curativos na pediatria…

Enchem-se umas luvas a fazer de balão e lá se vai ganhando um sorriso ou outro. Mas quando as dores são fortes demais, só nos resta segurar-lhes a mão, limpar-lhes o suor e tentar acalmá-los… A dor deles aperta o coração com muita força! Trocava de lugar com eles sem pensar duas vezes! São crianças… e não sorriem, não saltam, não brincam… o seu dia é passado a tentar suportar dores incrivelmente absurdas!

As lágrimas ameaçam os meus olhos, mas vou conseguindo segurá-las.

É então que chega um médico vietnamita. Pega num miúdo, atira-o para o chão e prepara a agulha: é preciso drenar um líquido que tem no joelho. O menino grita, completamente desesperado… Sento-me no chão e procuro segurar a sua cabeça, abraçar as suas mãos… O médico grita-lhe e agarra-o, batendo-lhe para que fique quieto…

Perco as forças e deixo que as lágrimas me vençam… fraquejei… Procuro limpar as lágrimas para que o menino não perceba que estou a chorar, mas já não tenho forças e as lágrimas continuam a cair!

O pequenito continua a tentar lutar contra a dor e contra o médico, que agora o ameaça com a seringa na sua cara…! O meu desespero toma proporções maiores: grito-lhe que pare, que tem à sua frente apenas uma criança… Perante o meu choque, ri-se com os enfermeiros, divertido com o sofrimento ou simplesmente sem capacidade para perceber a dor daquela criança…

Depois de terminar o que tinha a fazer, o menino pode voltar para a sua cama, mais tranquilo… por hoje acabou!

O médico pára a olhar para mim e chama-me para conversar… No dia seguinte volta àquela sala da pediatria com outra disposição. Com cuidado, aborda a criança e trata-a com a dignidade que merece. E o menino não chora…

Mónica Gomes Pacheco

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(25 de Agosto de 2004)

Esta é uma flor de um arbusto que existe no Palanca, na zona de areia, à saída da enfermaria. Foi oferecida pelo Augusto, um menino muito traquinas que no primeiro dia me fez perder a cabeça, mas que aos poucos foi derretendo a máscara de «mauzão» de que precisava para sobreviver. Não sabemos a idade dele. Os meninos do Palanca são intemporais, são tesouros incalculáveis que nos inundam a alma.

A tarde começa com uma hora de aulas, por vezes português, noutras matemática ou, respondendo à curiosidade de um olhar brilhante, «Erma, mi explica camada di ozono! Bué di carro tá furando, né?» (Meu querido Tomás, onde estarás?). É o fascínio das suas interrogações.

São lutadores na sinuosidade das suas vidas. Vivem sós, com todos. São do mundo, das ruas, mas não têm lar.

Encontram-se connosco, dão-nos um sorriso, apaixonam-nos… mas cada um dita o seu futuro. Cada um faz a escolha de ficar no Centro ou partir e viver cada dia como se fosse o último.

Dói pensar que este estar é tão efémero, que pudemos chegar uma tarde e aquele menino já não estar. A rua chama-os, a maralha convoca-os.

Durante estes dois meses vamos tentar alimentá-los com a nossa presença, com o nosso amor. Começam a não sair ao fim da tarde, quando as portas se abrem para a «city», para estarmos juntos.

       

 

Ana Oliveira


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