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Maxixe 2008

 

*
«Acordar na Maxixe…
Acordar nesta Missão…
Acordar com estas pessoas.
Por mais que o cansaço pese no corpo, por mais que os olhos custem a abrir, respiro fundo, inspirando a alegria sem tamanho pela terra que os meus pés pisam, a alegria sem tamanho por partilhar este sentimento com os que estão à minha volta, a alegria sem tamanho pelo aproximar de mais um encontro com aqueles que nos esperam, aqueles que, sem saber, nos chamaram até aqui, num grito que nos fez partir sem hesitar.
Lembro os dias que passaram, correndo contra a minha teimosia de não os ver passar… e queria voltar a viver tudo de novo, sempre, repetidamente, sem nunca me cansar, apenas aproveitando e bebendo cada instante de perfeição, de Deus reflectido nos sorrisos e nas gargalhadas, nos olhares fixos e nos que divagam, no esforço, na entrega.
Conto os dias que ainda não nos foram roubados e prometo a plenitude da dedicação, prometo colocar todo o coração em cada segundo que passe, sem perder nada, sem guardar nada, até que fique em mim apenas o sentimento da Missão cumprida e no corpo a tatuagem escondida de cada memória.
Quantas manhãs acordei sem parar para agradecer o simples estar aqui? Quantas manhãs acordei sem inalar profundamente o odor misturado de tudo que esta Missão nos faz viver?
E prometo nunca mais acordar sem uma Acção de Graças demorada em mim… daquelas em que me percebo pequenina para receber tudo o que sinto, tudo o que sonho… daquelas em que o espírito se torna maior que o corpo para que Ele se manifeste com verdade.
Uma Acção de Graças em cada manhã, em cada instante.»
 
Mónica Gomes Pacheco
   
   
   
 
*
«“Pisei a terra vermelha…
Pisei descalça a terra vermelha…
Não posso dizer muito mais do que isto. Não consigo dizer muito mais do que isto…”
 
“Os meus pés estão imundos. Pudera, depois de tanto tempo descalça. Que mais podia esperar…
Por baixo, estão negros; por cima, estão da cor da terra. Têm cortes, bolhas, feridas e pele a descascar… São o testemunho mais visível da minha comunhão plena com esta terra.
Demorei a descalçar-me, mas agora que pisei (descalça e confiante) a terra vermelha sei que nunca nada será igual.
Não quero nunca deixar de andar descalça sobre a terra vermelha.”
 
“Quando voltei mandaram-me lavar os pés. Mais do que outra coisa qualquer ‘os pés tem que ser lavados’. Esfreguei (não com muita força) mas a terra não saia, parecia não querer sair. Estava entranhada demais neles (em mim).
Agora a terra já saiu. Já tenho os pés lavados. Aproveito o embalo e aterro. Aterro definitivamente. Já estava na hora de voltar…”
 
“Chegamos há uma semana e um dia. Eu cheguei ontem. Ontem, foi o primeiro dia em que me senti em casa, em que me senti verdadeiramente ‘eu’. Este ‘eu’ que é diferente do ‘eu’ que embarcou dia 29 de Julho rumo a Maxixe, em Moçambique. Não sei se é muito ou pouco diferente, não sei o que mudou; mas sei que é um ‘eu’ diferente (espero que um ‘eu’ melhor, mais crescido).”
 
“Maxixe, nossa Maxixe. Terra de céu estrelado, sol que nasce no mar, de gente calma e vagarosa, de barcos mil, de passos lentos e ritmados, de calor (tanto calor), de palmeiras e palhotas, de pescadores, de dança e de música, de mercados ruidosos e confusos … Terra que nos (e me) viu crescer tanto… Terra que nos viu rir, sorrir e cantar tanto… Terra que sentiu a nossa dança com os pés descalços… Terra que abraçou as nossas lágrimas e que transformou as nossas angustias em certeza do regresso… Terra que acolheu os nossos passos, tímidos no inicio e os sentiu tornar-se confiantes e alegres… Essa terra vermelha porque tanto ansiávamos mudou a nossa vida e mudou-nos a nós. Espero que saibamos lidar com aquilo que ela mudou, que saibamos guardar tudo aquilo que ela nos deu…”
 
“Na sessão anterior sugerimos que eles planeassem alguma coisa (dança, musica ou teatro) para sábado. Hoje, foi o ensaio. Quem comandava o grupo de dança era o Jaime. O meu Jaime. O meu Jaime tão frágil, tão faminto (‘ermã Carlota, tou a pedir bolacha’), com as suas pernas tão magras e finas, sempre tão apagado e calado…estava à frente de vinte homens a marcar o ritmo dos passos de dança e estava com uma luz e um sorriso como nunca lhe tinha visto antes. A alegria dele era contagiante. Esqueci as dores de corpo, de cabeça; e dancei. Dancei e cantei mais do que em qualquer outro dia. Não interessava se estava fora de ritmo ou não, se os passos estavam bem feitos ou não…nada interessava. Não conseguia parar de rir e de sorrir e de cantar e de dançar… Quando formos embora ficará só o silêncio, o vazio, o frio, a solidão, a fome, o cinzento daquelas parede, o abandono e o esquecimento... Volta a eterna duvida, vale a pena?
Olhei mais uma vez para o Jaime, olhei para cada um daqueles reclusos (que usa a dança para se sentir livre) e soube que sim. Vale a pena…há momentos que são eternos, que por si só aquecem o coração apesar de todo o frio, fome e solidão. Que por si só mantêm o espírito a sonhar. Que por si só nos fazem acreditar, num amanha (numa vida) melhor.”
 
(A certeza de que hei-de pisar a terra vermelha (descalça) outra vez acalma a angustia da saudade e ajuda a disfarçar o vazio…)»
 
Carlota Basto
 

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